quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FILOSOFIA DA FELICIDADE

Geralmente pensamos que o estudo da Felicidade é uma matéria da Psicologia Positiva.
Ora, na verdade, muito antes da Psicologia, a Felicidade foi e ainda é um tema da Filosofia.
Só que as abordagens e os intuitos são diferentes.
Nem toda a gente entende o que é e para que serve a Filosofia. E isso é pena porque a Filosofia ajuda-nos a pensar melhor.
Na verdade, a Filosofia não é uma forma de saber nova, mas sim uma reflexão sobre os saberes disponíveis. Daí que, se a Filosofia nos pode ajudar a pensar e a refletir, quer dizer que nos pode ajudar a ser mais felizes!
Este aspecto é muito importante se quisermos fazer uma verdadeira aprendizagem sobre os muitos contornos que definem o Bem-Estar e a Felicidade.

A História da Felicidade

Não sabemos quando o Homem começou a pensar sobre as questões que se prendem com aquilo que nós hoje entendemos por Felicidade. Sim, porque o significado da Felicidade sofreu evoluções ao longo da História humana, pois não podemos esquecer que a época, a sociedade, a religião e outros fatores culturais influenciam a percepção que temos das nossas necessidades.
E a Felicidade é e sempre foi uma necessidade fundamental do ser humano.
Foi muito antes de Cristo (cerca de 400 a 500 anos antes), no tempo da chamada Grécia Antiga, que os primeiros filósofos começaram a refletir sobre o tema. Pode mesmo dizer-se que a História da Felicidade parece coincidir com a História da Filosofia.
Não quer dizer que antes o ser humano não desse valor à Felicidade e não pensasse sobre ela e como chegar a ela. Com certeza que a percepção da Felicidade começou algures muitos milhões de anos atrás quando as primeiras espécies hominídeas (aparentadas conosco) adquiriram capacidade para sentir emoções, para refletir e obviamente ter autoconsciência (consciência de si mesmo).
É muito curioso como ao longo da história dos últimos 2.500 anos os grandes pensadores viram a Felicidade a partir de ópticas distintas. Por exemplo, nem sempre foi considerada como o objetivo da existência nem como um ideal de vida; para muitos o Amor ou a Sabedoria era mais importante e justificava todos os esforços.
Atualmente é um direito e até um dever: ser é poder aceder à Felicidade; existir é obrigar-se a ser feliz.
Tempos houve de grandes carências, miséria e medo, em que a Felicidade era apenas algo que só os homens de sorte podiam pensar em alcançá-la; os mais pobres e desamparados limitavam-se a sentir pequenos e breves prazeres. A Felicidade exigia meios, estatuto, riquezas.
Sócrates é considerado o primeiro filósofo que provoca uma revolução nesta forma de pensar. O famoso "Conhece-te a ti mesmo", de sua autoria, traduz um novo enfoque: conhecer-se a si mesmo é procurar ser o que se é e o que se deve ser; é questionar-se como pensar, como viver, como ser feliz.
Mas antes e depois de Sócrates, o papel da Felicidade sofreu flutuações. Por exemplo, com o Cristianismo apareceu o conceito de Paraíso! A Epístola aos Hebreus qualifica Cristo como o grande sacerdote da felicidade vindoura. É ele que abre as portas. Ainda hoje muitas pessoas vivem sob esse paradigma de feições religiosas.
Durante o Absolutismo, em que todo Poder estava entregue aos reis, eram estes quem, em nome de Deus, devia dar Felicidade ao povo em troca de fidelidade, amor e sujeição ao seu poder pessoal.
Com o materialismo, a partir do século XVIII, a Felicidade estava na descoberta e na festa, nos prazeres fáceis como o beber chocolate ou assistir aos casamentos reais. Mas a Felicidade estava também na curiosidade: foram também o século em que despontou o mesmerismo, o magnetismo, as experiências paranormais. A sedução era também uma das formas de felicidade mais procuradas. O amor romântico desponta em força e surge como uma ponte possível para a felicidade individual.
Nos tempos modernos já não acreditamos na Felicidade eterna, mas já percebemos que há uma infinidade de concepções de felicidade possíveis sendo de destacar três:

- a felicidade entendida como uma alegria imutável e constante (a bem-aventurança);

- a felicidade relativa (é-se mais ou menos feliz ou quase feliz sempre que a alegria nos parece imediatamente possível) e,

- a felicidade do sábio, a beatitude, que é uma felicidade vivida em verdade e conhecendo sentimentos de experiência ótima que nos parecem momentos de eternidade (momentos de fluxo).



A felicidade não é o fim de um caminho, mas o próprio caminho.



Mas estejamos alerta:



- A Felicidade não é uma forma de sossego, mas um esforço bem sucedido ou um fracasso superado. O mesmo é dizer que não há Felicidade sem Coragem e sem Sabedoria.



- A Felicidade não está no Ser nem no Ter. Está na Ação, no Prazer e no Amor, afirmam os filósofos modernos.



Nelson S Lima



Resumo de texto do Curso de Animadores de Psicologia Positiva (Instituto da Inteligência)

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